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Cuidados paliativos para mulheres com câncer de mama

Cuidados Paliativos
Salvador
Valorização do Time

Em artigo, Dra. Isabela Oliva, médica da Clínica Florence, fala sobre a importância da abordagem paliativa em paralelo ao tratamento oncológico.

Paciente em Cuidados Paliativos em internamento no Hospital de Transição Modelo Hospice
Durante o tratamento de câncer de mama, a abordagem dos Cuidados Paliativos pode colaborar no controle de sintomas e alívio a dor.

A descoberta do Câncer de Mama pode resultar em sentimentos diversos para a paciente e sua família, como medo, angústia e desamparo. O impacto é ainda maior quando a doença é identificada em uma fase mais avançada, após se espalhar para outros órgãos. Nesse caso, o objetivo do tratamento é equilibrar o controle da doença, o aumento da sobrevida e a melhoria da qualidade de vida da paciente.

Nas últimas décadas, avanços no tratamento específico do câncer de mama em estágio avançado, conforme características moleculares tumorais e genéticas das pacientes, tornaram possível o aumento do tempo de vida dessas mulheres. Adicionalmente, estudos evidenciaram que a atenção direcionada às suas necessidades individuais (sociais, físicas, psicológicas e espirituais) e de suas famílias também resultou em impacto positivo na sobrevida e qualidade de vida neste cenário. A esta maneira de cuidado integral ao indivíduo com doença que ameaça a sua vida, através de uma equipe de profissionais atuando de maneira interdisciplinar visando o bem estar, denomina-se Cuidado Paliativo.

Derivado do latim palium, que se refere a um manto utilizado na antiguidade para proteção contra as intempéries, os Cuidados Paliativos remetem à ampliação da atenção para o bem estar físico, emocional, social, familiar e espiritual do paciente. Baseando-se nos valores da pessoa que está no centro do cuidado, os profissionais envolvidos empregam um olhar individualizado capaz de proporcionar uma avaliação multidimensional do sofrimento humano envolvido neste processo e traçar o planejamento do tratamento priorizando a preservação da sua dignidade e qualidade de vida.

Através do acompanhamento do paciente pela Equipe de Cuidados Paliativos, possibilita-se o compartilhamento de informações com profissionais e familiares sobre suas características, percepção de valor frente à vida e de seus anseios diante da doença. Nesse cenário, o tripé — paciente-família-equipe —- é capaz de expor e dividir as decisões mais adequadas de acordo com a fase da doença em que se encontra.

Nas fases em que o tratamento possibilita a modificação da trajetória da doença, o foco é voltado para aumento do tempo de vida, controle dos sintomas e suporte às demandas sociais, familiares, psicológicas e espirituais que emergem durante esse processo. Quando não é possível modificar o curso do adoecimento, o objetivo principal é o controle dos sintomas, respeitando os limites do corpo e observando a proporcionalidade das condutas que possam favorecer o seu conforto, evitando aquelas que agreguem sofrimento.

Cuidados Paliativos e a saúde integral

A importância da instituição dos Cuidados Paliativos o quanto antes nos pacientes com câncer, juntamente com as demais medidas terapêuticas específicas (cirurgia, radioterapia, medicamentos ou intervenções), revela-se diante de seus princípios citados pela Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP). Eles envolvem afirmar a vida considerando as necessidades do indivíduo, possibilitar o paciente viver tão ativamente quanto possível, influenciar positivamente no curso da doença, controlar a dor e outros sintomas desagradáveis, oferecer um sistema de suporte à família e proporcionar uma maneira de encarar a morte como um processo normal da vida.

Diante do diagnóstico do câncer de mama, as mulheres e seus familiares requerem a observação de suas necessidades por todos os profissionais envolvidos a fim de manejar o impacto que a doença traz às suas vidas. Naquelas que precisam de abordagem aprofundada diante do caráter avançado da doença identificada, o acesso aos Cuidados Paliativos é capaz de propiciar identificação precoce, avaliação correta e tratamento de demandas físicas, psíquicas, sócio-familiares e espirituais. Essa abordagem possibilita prevenção e alívio do sofrimento, preservação da autonomia e dignidade, promovendo a melhoria na qualidade de vida.

Dra. Isabela Oliva é oncologista com aperfeiçoamento em cuidados paliativos
Dra. Isabela Oliva é oncologista com aperfeiçoamento em Cuidados Paliativos. Atua na Unidade Salvador da Clínica Florence como médica diarista.

(Artigo publicado no Rede Inspire Ser em outubro de 2020.)