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Avaliação geriátrica no Pós UTI é tema de artigo científico

Pós UTI
Reabilitação
Reabilitação Intensiva

A publicação, realizada em conjunto com médicos do Time Florence, foi divulgada pela renomada Revista Critical Care Science.

O artigo apresenta Avaliação Geriátrica Ampla (AGA) como ferramenta essencial para identificar e manejar pacientes frágeis em UTI.

A internação em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) representa um momento crítico na vida do paciente, especialmente para os idosos frágeis. Essa população, caracterizada por apresentar maior vulnerabilidade e funcionalidade reduzida, possui risco elevado de mortalidade, disfunções e declínio funcional.

Esta temática foi objeto do estudo científico “Revolucionando o cuidado: o poder da avaliação geriátrica ampla na personalização”, veiculado na renomada revista internacional Critical Care Science. Trata-se de uma publicação de grande relevância no circuito médico, mantida pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) e pela Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos (SPCI), que tem como foco a divulgação de pesquisas relacionadas à medicina intensiva adulto e pediátrica.

O texto foi assinado pelos especialistas da Clínica Florence, Dr. João Gabriel (diretor médico CRM-BA 20306), Dra. Michele Bautista (gerente médica CRM-PE 19645), Dr. Rafael Calazans (médico geriatra CRM-BA 27667) e Dr. Lucíulo Melo (médico geriatra CRM-PE 18078), em parceria com Cassiano Teixeira (médico intensivista CRM-RS 15146) da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre.

A publicação traz a fragilidade como condição de vulnerabilidade que impede a recuperação adequada após eventos estressantes, como doenças ou lesões agudas, devido à perda de elementos fisiológicos fundamentais ao organismo, acumulados ao longo da vida.

Ela traz à tona a síndrome da fragilidade, que destaca os cinco componentes principais: vulnerabilidade a estressores, etiologia multifatorial causando desregulação multissistêmica, apresentação heterogênea, mensurabilidade clínica e associação a desfechos adversos. Tais componentes reforçam que a fragilidade é uma síndrome clínica tratável, com base biológica que pode ser mensurável.

O estudo ainda destaca que a fragilidade é “reconhecida como um estado transitório dinâmico entre um estado saudável e um de declínio funcional”. Em pacientes que passam por UTI, a fragilidade se apresenta de forma intensificada, principalmente durante e pós o período de internação de pacientes mais idosos.

“A síndrome da fragilidade traz consigo a interpretação de uma condição de vulnerabilidade que impede a recuperação adequada após um surto agudo. E o estado de fragilidade indica que a reserva funcional daquele indivíduo é insuficiente para superar um evento agudo. Desta forma, a recuperação completa se torna mais morosa e impedida por esse processo”, explicou Dra. Michele.

De acordo com Dr. João Gabriel, o tema da fragilidade, associado ao Pós UTI, tem sido cada vez mais relevante no cenário da saúde e tem revelado a necessidade de buscar um modelo assistencial personalizado.

“Estudos recentes mostram os impactos das UTIs nos pacientes, principalmente naqueles mais frágeis. Eles também têm revelado que aqueles mais dependentes, mais frágeis, não conseguem ter acesso e se beneficiar das estratégias de tratamento que existem hoje, que são muito baseada nos consultórios, na região ambulatorial. Estes pacientes acabam sendo negligenciados, pois não conseguem ter acesso aos tratamentos que poderiam melhorar suas condições de saúde”, pontuou Dr. João Gabriel.

O médico ressaltou, ainda, que o artigo apresenta uma proposta de utilização de ferramentas destinadas a Avaliação Geriátrica Ampla (AGA), trazendo as especialidades com foco na geriatria como ferramenta essencial para identificar e manejar pacientes frágeis em UTI.

“Propomos que a Avaliação Geriátrica Ampla pode ajudar a reconhecer quais são os pacientes que realmente irão precisar de modelos assistenciais diferenciados, de maior complexidade, como os cuidados de transição e até mesmo assistência domiciliar”, completou.

A reabilitação Pós UTI envolve o manejo de sobreviventes que apresentam riscos de desenvolver a síndrome pós-cuidados intensivos (PICS), caracterizada por comprometimentos físicos, psicológicos, cognitivos e de saúde mental, além de desafios socioeconômicos.

Com uma abordagem multidisciplinar, a AGA pode auxiliar na reabilitação desses pacientes, otimizando os desfechos, minimizando riscos e melhorando a qualidade da assistência. Dra. Michele reforça que a avaliação traz  evidências claras e detalhadas de quem é o paciente, com o refinamento das percepções clínicas multiprofissional, principalmente no contexto do paciente crítico.

“A AGA é um objeto de definição diagnóstica que auxilia nas estratégias de tomada de decisão para a realização de um trabalho orquestrado em prol de mitigar os riscos de  fragilizar o paciente. Ela também auxilia no manejo desse paciente na UTI. A AGA é um instrumento de grande relevância, tanto na jornada intra-hospitalar, quanto na perspectiva de desospitalização”, defendeu a geriatra.

O estudo ressalta que a implementação da AGA na rotina da UTI apresenta diversos benefícios, tanto para os pacientes quanto para o sistema de saúde, pois pode auxiliar na redução da mortalidade, melhorar a qualidade de vida do paciente e ainda diminuir os custos hospitalares. 

“Esta avaliação pode ser vista como ferramenta essencial para identificar os riscos e manejar pacientes frágeis, possibilitando a individualização do cuidado, a otimização dos recursos e a melhora dos desfechos clínicos”, destacou Dra. Michele.

Ter o estudo publicado na principal revista de medicina intensiva da América Látina mostra a relevância do tema para a classe médica. Dr. João Gabriel comenta o quão gratificante é ter o trabalho reconhecido na Critical Care Science.

“É a coroação de anos de trabalho conjunto e muito relevante ter esse espaço de opinião, porque trazemos uma nova visão do modelo assistencial. É poder contribuir de alguma forma com a maneira de olhar para aqueles pacientes que necessitam de cuidados diferenciados”, conclui Dr. João Gabriel.

A utilização da Avaliação Geriátrica Ampla pode ser vista como passo importante para os cuidados aos pacientes geriátricos Pós UTI, proporcionando um tratamento mais personalizado e eficaz, auxiliando na redução dos impactos negativos da PICS. É possível ter acesso ao artigo completo nas versões em inglês e português através do site oficial da Critical Care Science.

Tags: Pós UTI, Geriatria, Unidade de Terapia Intensiva, Critical Care Science, AGA, Avaliação Geriátrica Ampla, Reabilitação, Reabilitação Intensiva .