AVC acomete 13,7 milhões por ano e requer cuidados interdisciplinares
Pesquisas científicas demonstram que pessoas que tiveram AVC com maior impacto em funcionalidade devem ter acesso a cuidados de reabilitação interdisciplinar, organizados e coordenados, preferencialmente em unidades de reabilitação
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é a maior causa de morte no Brasil, de acordo com a Rede Brasil AVC. Conforme a entidade, a cada ano, 13,7 milhões de pessoas sofrem um AVC no mundo, 5,5 milhões morrem e, atualmente, existem 80 milhões de sobreviventes do evento grave. Com o objetivo de chamar atenção para a importância do rápido atendimento, a Rede Brasil AVC lançou em 2023 a campanha “Juntos somos #MaiorqueoAVC” para marcar o Dia Mundial do AVC, no dia 29 de outubro.
A agilidade é determinante no tratamento agudo dentro do hospital, mas também tem impacto significativo na reabilitação após o AVC ou derrame, já que quanto mais precoce for o início da reabilitação, maior a chance de reduzir as sequelas e dependência do paciente, além de melhorar sua qualidade de vida.
Os números elevados da doença evidenciam a emergência médica: no primeiro semestre de 2023, cerca de 57 mil pessoas sofreram o evento agudo no Brasil. Segundo divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o AVC é a principal causa de incapacidade em adultos e uma a cada quatro pessoas sofrerão o evento isquêmico ou hemorrágico ao longo da vida. Do total de pessoas acometidas, 2/3 necessitam de reabilitação em decorrência das limitações de funcionalidade e das dependências causadas pelo evento agudo.
O AVC hemorrágico ou isquêmico é uma das principais causas de perda da independência. A doença afeta o indivíduo de diversas maneiras. Sequelas como fraqueza, dificuldade com os movimentos, rigidez muscular, problemas na fala e na memória, alterações emocionais e na sensibilidade são algumas das listadas após o insulto agudo.
“O AVC requer atuação especializada e interdisciplinar com brevidade, pois os impactos do tratamento agudo já dentro do hospital podem gerar resultados significativos na Reabilitação Pós AVC, visto que quanto mais precoce for o início da reabilitação, maior a chance de reduzir as sequelas e dependência do paciente, além de melhorar a qualidade de vida”, comenta Dr. Jamary Oliveira, neurologista, responsável pela Linha de Cuidados Reabilitação Pós AVC da Clínica Florence na Unidade Salvador.
Os maiores ganhos de recuperação de funcionalidade Pós AVC ocorrem nos primeiros três meses (90 dias) após o evento. Por isso, recomenda-se que pacientes que perderam a independência para alguma atividade básica de vida diária, como comer ou tomar banho, iniciem a reabilitação intensiva entre quatro e sete dias após o acidente vascular cerebral.
No intuito de criar um programa adequado a este perfil de pacientes, a Clínica Florence elegeu a Reabilitação Pós AVC como uma de suas linhas prioritárias de cuidado. “A neuroplasticidade é a capacidade do cérebro de reaprender caminhos para exercer funções que foram perdidas. Essa janela de ouro de 90 dias é fundamental na Reabilitação Pós AVC. A plasticidade cerebral depende do estímulo precoce, intensivo e interdisciplinar. Quanto mais se demora a iniciar as terapias, menor a possibilidade de recuperação de funcionalidade e do cérebro para assumir, em áreas não afetadas, as funções perdidas. A frequência é uma das grandes forças motrizes para estimular o cérebro para que ele consiga assumir as funções perdidas com o AVC. Portanto, a intensidade precoce da realização da reabilitação é necessária para que seja possível ensinar, treinar adequadamente o cérebro para tentar atingir o ponto de função e cognição anterior ao insulto agudo”, conforme explica a Dra. Renata Azevedo, neurologista, médica responsável pela Linha de Cuidados Reabilitação Pós AVC da Clínica Florence na Unidade Recife.
Informações da American Heart Association e da American Stroke Association esclarecem que pacientes que tiveram AVC com maior impacto em funcionalidade devem ter acesso a cuidados interdisciplinares, organizados e coordenados, preferencialmente em unidades de reabilitação internado, como Hospitais de Transição. Essa recomendação é baseada nos maiores níveis de evidência (1A).
“Na janela terapêutica de intervenção Pós AVC, na reabilitação internado, temos a proposta de cuidado de recuperar a força e mobilidade do paciente, além de possibilitar melhora das funções cognitivas como fala, linguagem e psicomotricidade fina. O trabalho da equipe interdisciplinar vai focar, dependendo do quadro clínico do paciente, durante a execução do plano de cuidados personalizado, no retorno das atividades básicas de vida diária, o que impacta e possibilita o resgate da sua independência funcional e o retorno da sua participação social”, pontua Francimar Ferrari, fisioterapeuta e Coordenador de Reabilitação da Clínica Florence na Unidade Recife.
“Quando focamos energia na reabilitação em estimular cognição ou reduzir déficit de estrutura e função, podemos ter um melhor desfecho a longo prazo”, pontua Flaviane Ribeiro, fisioterapeuta e Coordenadora de Reabilitação da Clínica Florence na Unidade Salvador, lembrando que essa reabilitação pode ser feita com o internamento em unidades especializadas de transição de cuidados, especialmente quando o paciente apresenta déficits importantes, ou necessita de acompanhamento médico e multidisciplinar constante, ou de uma terapia de alta intensidade (até 15 a 18 horas por semana de terapia).
Pesquisas comprovam, ainda, que a Reabilitação em pacientes acometidos por AVC moderado a grave, realizadas em internação hospitalar, tem impacto positivo no prognóstico funcional. Para isso, é fundamental que um programa interdisciplinar, com plano de cuidados personalizado, conforme necessidades da pessoa acometida. Esta estratégia é aplicada em pacientes indicados para a Linha Reabilitação Pós AVC da Clínica Florence, com atenção na recuperação de funcionalidades, independência e qualidade de vida.