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Cuidados paliativos: qual o papel da nutrição?

Reconhecimento
Salvador
Valorização do Time

Nutricionistas integram o Time Interdisciplinar da Clínica Florence e promovem qualidade de vida aos pacientes em Cuidados Paliativos através da alimentação.

Abigail Carvalho é nutricionista na Clínica Florence desde 2020.

Os nutricionistas são responsáveis por planejar programas de alimentação, além de preparar dietas com o foco na saúde e bem-estar dos pacientes. Para homenageá-los, hoje, Dia do Nutricionista, entrevistamos Abigail Carvalho, nutricionista da Unidade Salvador, que faz parte do Time Interdisciplinar da Clínica Florence desde 2020.

Nutricionista graduada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e especialista em nutrição clínica multidisciplinar pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Abigail destacou o papel da nutrição nos Cuidados Paliativos.

Confira na íntegra:

1- Na sua visão, qual o perfil que um nutricionista deve ter para atuar com Cuidados Paliativos? Quais os diferenciais deste profissional?

O nutricionista que atua em cuidados paliativos precisa saber escutar, ser sensível, ter conhecimento técnico e orientar os princípios bioéticos de autonomia, beneficência, não maleficência e justiça para evitar intervenções desnecessárias. Torna-se fundamental a habilidade de se comunicar com clareza nas discussões dos quadros clínicos pelo Time interdisciplinar. Outro diferencial é conhecer a história do paciente para se conectar com os seus sentimentos e de seus familiares, tomando decisões em conjunto que auxiliam no controle de sintomas, alívio do sofrimento, melhora da imunidade e sensação de bem-estar.

2- Os pacientes em Cuidados Paliativos costumam apresentar falta de apetite, resultando em baixa ingestão alimentar, perda de peso, redução da massa muscular, entre outros agravantes. Diante disso, de que forma a nutrição pode minimizar ou reverter estes efeitos?  

É importante entender em qual fase da doença grave o paciente se encontra para traçar o melhor plano nutricional. Caso o diagnóstico seja inicial, estabelecemos metas específicas buscando alcançá-las através de alimentos prazerosos e uma suplementação benéfica. Já no momento da terminalidade podemos ser mais flexíveis, ofertando nutrientes dentro da capacidade de aceitação do indivíduo e, quando for preciso, realizar intervenção na consistência, densidade calórica, apresentação e frequência de alimentos para proporcionar satisfação. A prioridade é o conforto, pois alimentar vai além do nutrir, é respeitar as limitações e ressignificar o ato de comer.

3- A nutrição ressignifica o alimento possibilitando novos meios e vias de alimentação. Quais são as opções para os pacientes em Cuidados Paliativos?

A alimentação via oral deve ser a primeira escolha, considerando a preferência e conforto do paciente. Para além da via oral, existem as vias alternativas como a nutrição enteral e parenteral. Contudo, uma vez que podem não oferecer vantagens na sobrevida e nem evolução do estado nutricional, o caso precisa ser avaliado individualmente pelo Time Interdisciplinar a fim de preservar a autonomia, atender os desejos do paciente e promover qualidade de vida. Neste sentido, para manter ou suspender o suporte nutricional, há um alinhamento entre os profissionais, paciente e familiares na tomada de decisão.

4- Como os nutricionistas da Clínica Florence são capacitados para atuar em uma Unidade de Transição de Cuidados? E como avaliam a condição do paciente paliativo?

As capacitações acontecem através da educação continuada com cursos (Comunicação Difícil em Saúde, Encantado por Você e Entender para Melhor Atender) e reuniões multidisciplinares diárias. Todos estes encontros são oportunidades de melhorar nossos processos e vivenciar o verdadeiro acolhimento.

Os pacientes em cuidados paliativos são avaliados constantemente através da anamnese nutricional (hábito alimentar, queixas gastrointestinais, estilo de vida, estado nutricional, comorbidades, entre outros), considerando a fase da doença, porém, centralizando o cuidado humanizado. Deve-se respeitar as demandas, gostos e limitações de cada indivíduo para que a alimentação seja estimulada da forma correta.