Voltar

Entenda a importância dos Cuidados Paliativos

Cuidados Paliativos
Pós UTI
Reabilitação

Conhecer a jornada do paciente, suas limitações e estado emocional são fatores importantes para a adequação de cuidados ao paciente em paliação.

Estima-se que, em 2040, mais de 1 milhão de brasileiros precisarão de Cuidados Paliativos.

O debate sobre o que são Cuidados Paliativos ganha cada dia mais força, porém o tema ainda é cercado de muitos mitos e inverdades. O Dia Mundial dos Cuidados Paliativos, sempre celebrado em 14 de outubro, foi criado para ajudar a trazer destaque a este tema e fomentar o debate esclarecedor sobre a assistência humanizada em saúde para pessoas com doenças que ameaçam a continuidade da vida.

“Cuidados Paliativos consistem na assistência promovida por uma equipe multidisciplinar, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, da identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos espirituais”, conceito atualizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2002.

É comum encontrarmos na imprensa citações sobre “Cuidados Paliativos Exclusivos”, como aqueles onde não existe mais a função curativa e toda a assistência estaria voltada ao alívio do sofrimento dos pacientes e seus familiares. Entretanto, tal conceito é considerado inadequado na visão de alguns paliativistas. Isso porque a definição de Cuidados Paliativos apresentada pela OMS é mais ampla e não envolve apenas os pacientes na fase final da vida. 

De acordo com Dr. Vitor Silva (CRM- BA 16526), especialista em Cuidados Paliativos e médico da Clínica Florence, Unidade Salvador, os Cuidados Paliativos e curativos caminham juntos, por isso o termo exclusivo não é adequado.

“O paliativismo ocorre em conjunto com outras ações. Ele exige um tratamento que é chamado de restaurativo, focado no controle dos sintomas, na redução do sofrimento, do acolhimento, seja do paciente ou familiar. Não é algo exclusivo, pois costuma existir uma readequação de cuidado ao longo da jornada”, ponderou o especialista.

Os Cuidados Paliativos são direcionados a indivíduos de qualquer idade, com doenças avançadas, crônicas ou terminais. É uma abordagem extremamente humanizada, que leva em consideração não só os aspectos físicos da doença, mas também os emocionais, sociais e espirituais.

Com base nos dados divulgados pela The Worldwide Hospice Palliative Care Alliance (WHPCA), 57 milhões de pessoas precisam de cuidados paliativos anualmente, mas quase um terço desse total (18 milhões) morrem sem ter acesso ao tratamento.

Em se tratando de Brasil, o estudo intitulado “Palliative care in Brasil: present and future” e publicado na plataforma Scielo constatou que o número de pessoas que irão demandar de Cuidados Paliativos irá ultrapassar 1 milhão em 2040.

A abordagem paliativa “requer identificação precoce, avaliação e tratamento da dor e de outros problemas de natureza física, psicossocial e espiritual, e deve ser prestada em todos os estágios da doença, no paciente adulto ou pediátrico”, comenta Dr. João Gabriel Ramos, Diretor Médico da Clínica Florence (CRM-BA 20306). Esta atenção à saúde é interdisciplinar, centrada no paciente e família e pode ser entregue em casa, nas comunidades, em hospitais ou unidades de transição.

A Clínica Florence oferece este tipo de cuidado com o perfil de pacientes indicados para o modelo Hospice.

Adequação de Cuidados para pacientes em Cuidados Paliativos

Atividades lúdicas são excelentes aliadas dos Cuidados Paliativos, pois estimulam e proporcionam
bem-estar aos pacientes.

Os Cuidados Paliativos são inseridos por diferentes motivos, sempre levando em consideração o momento vivenciado pelos pacientes e seus familiares em cada fase. Por isso é importante que haja uma readequação de cuidados ao longo da jornada do paciente, que irá levar em consideração os aspectos físicos e emocionais de todos os envolvidos no processo.

De acordo com Francimar Ferrari, coordenador de reabilitação da Clínica Florence, Unidade Recife, essa adequação de cuidados se faz importante para que o paciente conquiste mais qualidade de vida durante esse processo. “Os pacientes em Cuidados Paliativos são aqueles que irão receber reabilitação para promover conforto e reabilitar aquilo que faz sentido para os pacientes nesse momento da vida”, ressaltou o fisioterapeuta. 

Entender a jornada do paciente, suas limitações e estado emocional são fatores importantes para que os profissionais envolvidos nos Cuidados Paliativos possam adequar o tratamento ao respectivo paciente. Essa adequação inclui a reabilitação funcional, suporte nutricional e apoio psicológico.

Reabilitação funcional

Pacientes em Cuidados Paliativos geralmente possuem perda gradativa da funcionalidade, seja pelo estágio da doença ou impacto que os tratamentos podem causar. Além disso, a idade, as comorbidades e o aspecto psicológico do paciente também irão refletir no processo de reabilitação.

Um estudo também divulgado na plataforma Scielo levantou os benefícios da reabilitação funcional nos pacientes em Cuidados Paliativos. O levantamento evidenciou que há uma melhora nos sintomas de dor, dispineia, fadiga, além de progresso do estado nutricional, emocional e físico do paciente.

“A reabilitação tem importância relevante dentro do contexto dos Cuidados Paliativos, uma vez que a mesma está inserida nos pilares que compõem os princípios desses cuidados. Conseguimos trazer benefícios como conforto e alívio dos sintomas, apoiar familiares e cuidadores, e juntamente com a equipe multidisciplinar trazer atividades relevantes, levando um pouco de independência e qualidade de vida para o indivíduo que esteja dentro do contexto dos Cuidados Paliativos”, afirmou Renata Almeida, fisioterapeuta da Clínica Florence, Unidade Recife.

A publicação também destacou “a importância de ambientes com uma atmosfera calma, de relaxamento e de confiança para potencializar os efeitos das intervenções”, salientando que criar um vínculo entre pacientes, familiares e profissionais de saúde é fundamental.

Suporte nutricional

A alimentação também faz parte dos Cuidados Paliativos. A American Dietetic Association , por exemplo, propõe que a dieta de pacientes com doenças em estágio avançado proporcione conforto emocional e prazer, diminuindo a ansiedade, além de aumentar a autoestima e independência do paciente.

A nutricionista da Clínica Florence – Unidade Recife, Hadassa Nascimento, esclarece a importância da alimentação no processo de paliação. “O ato de comer envolve mais do que questões fisiológicas, envolve relações sociais, culturais, religiosas e afetivas. A Nutrição em Cuidados Paliativos é parte do cuidado integral do paciente, em que é levado em consideração as preferências alimentares, as alergias/intolerâncias, a via segura de alimentação”, completando que o nutricionista deve ter a sensibilidade para enxergar que a alimentação vai além da nutrição e o paciente deve ser o centro de toda conduta.

A nutricionista ainda destacou a importância do engajamento familiar no processo de alimentação de pacientes em Cuidados Paliativos. “Na Clínica Florence, procuramos envolver a companhia dos cuidadores e/ou familiares na hora da alimentação, ressignificando esse momento tão importante para o paciente, sem que o convívio social seja rompido. A hora da alimentação e nutrição não pode ser um momento desconfortável e traumático”, afirmou Hadassa.

Apoio psicológico

No contexto dos Cuidados Paliativos, o atendimento psicológico é fundamental, pois auxilia pacientes, familiares e cuidadores a atravessar o momento vivenciado. Maria Andrade, psicóloga da Clínica Florence – Unidade Recife, explica que o suporte psicológico alivia o estresse e ajuda na compreensão do processo de luto.

“O Time de psicologia está sempre atento para questões psíquicas, sociais, espirituais e físicas associadas ao adoecimento e processo de finitude. Por meio do suporte emocional, é possível lidar melhor com estresse, ansiedade, medo, tristeza e outros desafios advindos deste período. Sempre pensando de forma holística na promoção da qualidade de vida dos envolvidos no processo”.

O Cuidado Centrado na Pessoa integra a política de valores da Florence. A instituição acolhe de forma individualizada, levando em consideração as crenças e preferências dos seus pacientes e familiares.

“Na Clínica Florence, realizamos o apoio psicológico sempre pensando no que faz sentido para o paciente e para os seus. Seja ofertando o atendimento em si ou facilitando a realização de algo importante, como auxílio na busca de líderes espirituais, ofertando refeições com significado afetivo, passeios terapêuticos, dentre outras possibilidades”, concluiu a psicóloga.

A Clínica Florence é o primeiro hospital de transição especializado em Cuidados Paliativos nas regiões Norte e Nordeste. Ela possui uma linha de cuidado específica para esse público e conta com instalações projetadas para promover o acolhimento de forma transversal, realizado por uma equipe multiprofissional.

Tags: Transição de Cuidados, Hospital de Transição, Cuidados Paliativos, Abordagem Paliativa, Reabilitação, Equipe Interdisciplinar