Silenciosa e preocupante, a sarcopenia é uma doença caracterizada pela redução de força, função e massa muscular que ocorre com o envelhecimento, mas que também acomete pessoas com doenças crônicas ou em processo de imobilização prolongada. Recorrente em pessoas a partir de 80 anos, a condição também pode atingir homens e mulheres já a partir dos 40 anos, de acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR).
Geriatra e paliativista da Clínica Florence Unidade Salvador, Carolina Rocha destaca que os principais sinais clínicos da sarcopenia incluem fraqueza muscular, comprometimento de desempenho físico, redução da velocidade de caminhada, dificuldade para levantar de cadeiras ou subir escadas sem apoio e maior propensão a quedas.
“A perda de força ocasionada pela sarcopenia compromete a funcionalidade do paciente, ou seja, a sua autonomia para exercer as atividades básicas do dia a dia, como tomar banho sozinho, se vestir, ir ao banheiro sozinho, o que pode gerar impactos emocionais como ansiedade devido à dependência de terceiros para exercer essas funções”, explica a especialista.
Em contextos de reabilitação, a condição pode limitar os ganhos funcionais, pois, por muitas vezes, a sarcopenia não consegue ser totalmente revertida. “Até mesmo nos cuidados paliativos, essa condição, que é comum devido à própria progressão da doença, pode aumentar o sofrimento e comprometer a qualidade de vida”, avalia.
Carolina Rocha aponta que o diagnóstico precoce da sarcopenia faz toda a diferença no sucesso do tratamento. Na maioria das vezes, esses cuidados envolvem uma equipe multidisciplinar, composta por médicos, fisioterapeutas, nutricionistas, terapeutas ocupacionais e psicólogos. Esses profissionais atuam de forma integrada para recuperar ou preservar a funcionalidade do paciente.
“Essa atuação é feita por meio de estratégias focadas em atividade física resistida, suporte nutricional para ingesta adequada de proteínas, adaptações necessárias feitas pela terapia ocupacional para facilitar o cuidado ou levar maior independência, suporte emocional e cuidados individualizados como um todo”, esclarece.
A paliativista da Clínica Florence também destaca que a reversão completa é mais complexa em estágios avançados de sarcopenia. Contudo, é possível estabilizar o quadro e melhorar a condição do paciente com intervenções adequadas, como fisioterapia regular, estímulo à mobilidade e suplementação nutricional.
O papel da família e cuidadores
Fundamentais no processo de tratamento, principalmente no engajamento das atividades prescritas, as famílias e cuidadores dos pacientes diagnosticados com sarcopenia podem atuar diretamente no supervisionamento e aceitação de dieta, fornecendo apoio emocional e respeitando os limites do paciente.
“É importante manter o estímulo desses pacientes na atividade física e acompanhamento médico regular. Além de estar atento a pequenos sinais de perda de força e função muscular, que pode vir como quedas, redução de mobilidade, dificuldade em realizar as atividades do dia a dia de forma independente, para que seja possível agir de forma preventiva”, finaliza Carolina Rocha.