Conheça as principais sequelas após um AVC

Alterações na visão, como dificuldade para reconhecer objetos, problemas na fala e limitação de movimentos são algumas das manifestações que podem surgir em pacientes que sofreram um derrame cerebral.

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é um evento súbito que interrompe o fluxo sanguíneo para o cérebro, podendo levar à morte e deixar sequelas. É uma das principais causas de óbitos no mundo, ocupando a segunda posição no ranking, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Estima-se que até 2050 sejam registradas mais de 10 milhões de mortes anuais, conforme levantamento realizado pela Comissão da Revista Científica Lancet Neurology, em parceria com a World Stroke Organization (WSO).

Mas, além da taxa de mortalidade, outro fator preocupante são as sequelas deixadas pelo AVC, que podem atingir a parte motora e cognitiva do indivíduo. De acordo com o Dr. Jamary Oliveira (CRM-BA 14387), médico neurologista e responsável pela Linha de Cuidados Reabilitação Pós AVC na Clínica Florence, Unidade Salvador, as sequelas deixadas pelo AVC isquêmico e hemorrágicos são semelhantes e podem variar conforme a extensão e localização.

“Há uma disfunção súbita em uma área focal do cérebro, ocasionando sintomas, em parte, semelhantes entre o AVC isquêmico e o hemorrágico. É o início súbito de uma disfunção neurológica aguda”, afirmou o especialista, exemplificando que a dificuldade de andar e segurar objetos com um lado do corpo são algumas das sequelas motoras deixadas pelo AVC.

“Já as sequelas cognitivas são aquelas que irão impactar na memória, na atenção, na fala. Em alguns casos se faz necessário aporte nutricional”, afirmou Dr. Jamary, ressaltando a importância do socorro imediato para que as sequelas do AVC sejam minimizadas.

O neurologista ainda fez um alerta sobre o período considerado “janela de ouro”, além de comentar sobre as principais medidas que podem reduzir a mortalidade e as sequelas que o indivíduo possa apresentar.

“A janela de ouro consiste no atendimento imediato na fase aguda, com realização de procedimentos relevantes logo na primeira hora e realização de intervenções ao longo das primeiras semanas. Desta forma, prevenimos danos adicionais e aumentamos as chances de recuperação da funcionalidade”, detalhou.

Dentre os procedimentos cruciais que devem ser realizados após o evento agudo estão a redução da pressão arterial, para evitar a expansão da hemorragia; o controle da taxa de açúcar no sangue; controle de temperatura e reversão do efeito anticoagulante, em pacientes que estão usando anticoagulante.

Tipos de sequelas

Com base nas Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com Acidente Vascular Cerebral, publicada pelo Ministério da Saúde, em 2013, as principais sequelas do AVC são as seguintes:

Paralisia ou fraqueza muscular: um lado do corpo pode ser afetado, dificultando movimentos e atividades cotidianas.

Perda no controle dos movimentos: podem surgir contrações musculares involuntárias, tremores e posturas anormais.

Alterações na sensibilidade: o indivíduo pode apresentar dormência, dor, além de aumento ou diminuição na sensibilidade.

Assimetria facial: boca torta, olho caído de apenas um dos lados da face e testa sem rugas podem surgir se o paciente não recuperar o controle dos músculos faciais.

Problemas de fala e linguagem: disartria é uma alteração que dificulta a articulação da fala, enquanto a afasia impacta a compreensão e produção da linguagem.

Dificuldades de deglutição: aumento dos riscos de engasgos, exigindo acompanhamento especializado.

Alterações na visão: redução do campo de visão, dificuldade para reconhecer objetos, visão dupla ou embaçada também são consequências do AVC. Em alguns casos, pode causar a cegueira total do indivíduo.

Alterações cognitivas: podem surgir problemas de memória, concentração, atenção e raciocínio em diferentes graus.

Problemas emocionais: ansiedade, depressão e alterações de humor são comuns após um AVC.

Fatores de Risco e Sintomas de Alerta

Um estudo publicado na revista “Stroke” em 2023 concluiu que controlar os fatores de risco pode reduzir significativamente as chances de AVC.

Dentre os principais fatores de risco do Acidente Vascular Cerebral estão a hipertensão arterial, diabetes, doenças cardiovasculares, colesterol alto, obesidade, tabagismo e sedentarismo. “Ter um estilo de vida que prioriza uma alimentação saudável, atividade física frequente, além de visitas médicas regulares para a detecção precoce desses fatores de risco podem diminuir os riscos de AVC”, alertou Dr. Jamary.

Reabilitação Funcional Pós AVC

Se existe a janela de ouro relacionada à primeira hora após o acidente vascular cerebral, também existe a janela de ouro na reabilitação desses pacientes. Segundo a neurologista Dra. Renata Azevedo (CRM-PE 13111), médica responsável pela Linha de Cuidado Reabilitação Pós AVC na Clínica Florence – Unidade Recife, iniciar a reabilitação logo nos primeiros meses após o acidente vascular permite que o cérebro encontre caminhos para exercer as funções que foram perdidas, diminuindo as sequelas do AVC

“Os primeiros três meses são fundamentais na reabilitação. É onde a gente consegue a melhor resposta para que o cérebro volte a funcionar como previamente. É importante que essa reabilitação seja intensiva, diária, coordenada e interdisciplinar”, pontuou.

De acordo com a American Heart Association e a American Stroke Association, os indivíduos acometidos pelo AVC que sofreram impacto considerável da funcionalidade, necessitam de reabilitação interdisciplinar, preferencialmente em regime de internação.

A Clínica Florence tem um plano de cuidados específico para o tratamento de pacientes Pós AVC, envolvendo uma equipe transdisciplinar, que trabalha com foco na reabilitação assistida.

Nesta linha de cuidados, a equipe da Clínica Florence avalia a funcionalidade dos pacientes, criando estratégias terapêuticas, com metas pré-estabelecidas, que incluem data de previsão de alta.

“Temos um programa de reabilitação intensiva, multidisciplinar, com até 15 horas semanais, com metas funcionais muito bem estabelecidas.  Além disso, a Florence oferece um ambiente humanizado e acolhedor, facilitando a reintegração social”, pontuou Francimar Ferrari, coordenador de reabilitação da Unidade Recife da Clínica Florence.

Tags: AVC, Acidente Vascular Cerebral, Derrame, Sequelas do AVC, Isquemia Cerebral, AVC Isquêmico, AVC hemorrágico, AVCI, AVCH, Reabilitação, fatores de risco AVC, Reabilitação Pós AVC, Reabilitação Intensiva, Pós AVC, Pós Agudo, Hospital de Transição