Dr. Jamary Oliveira (CRM 14387 – BA) é o médico responsável pela Linha de Cuidado – Reabilitação Pós AVC na Unidade Salvador da Clínica Florence. Médico neurologista, Doutor em neurologia pela Universidade de São Paulo e Pós-doutor em neurologia vascular pela Universidade de Havard, Dr. Jamary concedeu uma rica entrevista para o Blog da Florence onde descreveu as causas e fatores de riscos para o Acidente Vascular Cerebral (AVC) e defendeu a reabilitação precoce, intensiva e interdisciplinar após o evento.
“O atendimento imediato na fase aguda e as intervenções ao longo das primeiras semanas, na chamada janela de ouro do Pós AVC, evitam danos adicionais e aumentam as chances de recuperar funcionalidades”, afirma Dr. Jamary que também é professor titular de neurociências da Universidade Federal da Bahia.
Confira na íntegra:
1. Segundo pesquisas da Organização Mundial da Saúde (OMS), o AVC é a segunda maior causa de morte no mundo e a principal causa de incapacidade em adultos. Quais as principais causas e fatores de risco para o AVC?
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é a alteração do fluxo de sangue no cérebro e pode ser classificado em dois subtipos principais: isquêmico e hemorrágico. O isquêmico decorre da obstrução de um vaso sanguíneo cerebral, já o hemorrágico ocorre a partir do rompimento desse vaso sanguíneo. Ambos os casos, o paciente sofre a falta de suprimento sanguíneo para uma área cerebral e subitamente apresenta déficit clínico. Geralmente, um déficit focal, neurológico e de instalação aguda que se caracteriza pela dificuldade na fala, perda dos movimentos e boca torta.
Os fatores de riscos comuns estão associados a hipertensão arterial, diabetes, triglicérides elevado, sedentarismo, obesidade e tabagismo. Quando o indivíduo tem um ou mais fatores de risco e intervém com um tratamento, reduz em até 80% a chance de um AVC. É muito melhor controlar os fatores de risco do que atuar nas sequelas da doença.
Quando pensamos nas causas ressaltamos a necessidade de investigar qual foi o local de origem do coágulo que gerou o evento agudo. Se foi causado por embolias cardíacas, placas de carótidas ou até mesmo acúmulo de gordura formada nos vasos sanguíneos intracranianos. Vale salientar que todas as possíveis causas estão diretamente relacionadas aos fatores de risco que já foram mencionados. Tais informações são importantes para conduzir o tratamento e as medidas de prevenção secundária.
2. O que deve ser feito diante da suspeita de um AVC?
O AVC é uma emergência médica e o tempo e a qualidade do atendimento fazem toda diferença. Quanto mais rápido você reconhece os sintomas e leva o paciente para uma assistência especializada, melhor o prognóstico. A cada minuto de atraso você perde cerca de 1,9 milhões de neurônios, por isso é imprescindível que esta pessoa seja encaminhada para uma Unidade de Saúde ou que alguém acione o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência.
Desta forma, o paciente passará pela tomografia para avaliar o diagnóstico e iniciar os cuidados adequados, visando reverter e/ou reduzir sintomas e sequelas do evento.
3. No passado, diante de um quadro de AVC, era comum achar que não era possível recuperar funcionalidades. Este é um conceito já superado. Hoje se sabe que, desde que de forma precoce, intensiva e interdisciplinar, é possível reduzir os danos provocados pelo AVC. O Sr. pode comentar um pouco sobre isso?
Eu diria mais, o AVC pode ser tratável. É possível realizar intervenções em todas as fases, mas deve-se considerar que, antes de tudo, quanto mais rápido o paciente for direcionado a um tratamento, melhor sua capacidade de resposta. Existe o fenômeno da neuroplasticidade que define a capacidade de adaptação do Sistema Nervoso Central (SNC) de acordo com a necessidade, estímulo e ambiente. O que significa dizer que a parte do cérebro que foi danificada pelo AVC, quando bem treinada, pode se modificar.
O atendimento imediato na fase aguda e as intervenções ao longo das primeiras semanas, na chamada janela de ouro do Pós AVC, evitam danos adicionais e aumentam as chances de recuperar funcionalidades. Com a reabilitação precoce, intensiva e interdisciplinar, o paciente tem grandes chances de voltar a andar, deglutir e falar. Neste sentido, a família também precisa de capacitação para continuar os cuidados necessários ao paciente em casa. Em contrapartida, caso não haja estímulo na quantidade e intensidade correta, as sequelas podem se agravar significativamente.
4. Quais os benefícios que a Reabilitação Pós AVC na Clínica Florence oferece aos seus pacientes e familiares?
A Reabilitação Pós AVC é uma das maiores fragilidades dos sistemas de saúde, já que muitas vezes o paciente espera mais de 90 dias para iniciar o plano de cuidados. Daí a relevância de instituições referenciadas como a Clínica Florence, oferecendo um serviço qualificado com assistência 24h por dia, profissionais especializados e uma estrutura funcional, confortável e segura.
A Linha de Cuidado Reabilitação Pós AVC da Clínica Florence conta com a competência de um Time Interdisciplinar, desenvolve um programa adequado e personalizado, realiza avaliações objetivas funcionais e clínicas, proporciona terapias intensivas através de estímulos físicos e neuro cognitivos e capacita familiares para o retorno do paciente ao domicílio. Seu foco humanizado está em minimizar a extensão de sequelas, reduzir a dependência para atividades diárias e promover a qualidade de vida. Estes benefícios garantem oportunidade de melhoria para cada paciente dentro de sua individualidade.