O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das principais causas de incapacidade no mundo, afetando não apenas a saúde física, mas também a qualidade de vida dos indivíduos. Entre os diversos desafios enfrentados pelos sobreviventes de AVC, a dificuldade na comunicação é uma das mais significativas.
A fonoaudiologia é uma aliada no processo de recuperação. “A atuação da fonoaudiologia nesta área envolve a realização de avaliação clínica e instrumental da deglutição, identificando o grau de comprometimento e os riscos associados à alimentação oral”, afirma Cecília Rabelo, Fonoaudióloga da Clínica Florence – Unidade Salvador.
É comum que indivíduos que sofreram um AVC apresentem afasia, alteração na linguagem que pode causar dificuldades na fala, escrita, compreensão e articulação das palavras, pois atinge diversas áreas cerebrais. Estudos mostram que cerca de 50% dos sobreviventes de AVC sofrem afasia na fase crônica, que está associada à dependência de vida, com impacto nos resultados de reabilitação e baixos índices de participação social.
Um levatamento científico divulgado pela Revista FT destaca que, aproximadamente, 80% dos casos de afasia entre os brasileiros estão relacionadas às sequelas dessa patologia. É aqui que a fonoterapia se revela essencial, desempenhando papel de relevância na recuperação e reintegração social dos pacientes.
De acordo com a fonoaudióloga Tatiana Macedo, que integra o Time de Reabilitação da Clínica Florence, Unidade Recife, a fonoterapia ajuda a restaurar habilidades de linguagem, melhora a articulação e a fluência, além de aprimorar habilidades de deglutição e auxiliar no desenvolvimento de estratégias de comunicação.
A profissional faz um alerta: “a intervenção fonoaudiológica precisa ser iniciada o mais breve possível, porque precisamos avaliar o que é sequela transitória e permanente. Vale frisar que a maioria das sequelas permanentes são reabilitáveis”, destaca Tatiana.
A fonoaudióloga ainda ressalta a importância de um trabalho minucioso que abrange diferentes aspectos da comunicação e da deglutição. “Trabalhamos com todos os aspectos da função oral, incluindo lábios, língua e músculos faciais. É comum lidarmos com assimetrias faciais ou dificuldades na mastigação, o que impacta diretamente na qualidade de vida do paciente. Se o paciente tiver com sonda nasoenteral (alimentação por sonda) iremos trabalhar essa sensibilidade para a introdução da alimentação”, explica Tatiana.
Um dos pontos destacados por Tatiana é a personalização do tratamento para cada paciente. “Começamos com exercícios simples de mimetismo facial e trabalhamos gradativamente a introdução de alimentos, começando com consistências mais pastosas até alcançar alimentos sólidos. A reabilitação não se limita apenas à parte física, mas também à reintrodução da linguagem e comunicação”.
Ela menciona ainda o uso de pranchas de comunicação como uma ferramenta essencial. “Utilizamos pranchas com símbolos simples, como sim e não, para facilitar a comunicação inicial. À medida que o paciente avança, personalizamos as pranchas com fotos de familiares e objetos do dia a dia, ajudando-os a formar frases e expressar suas necessidades”.
Além dos exercícios específicos de linguagem e fala, Tatiana enfatiza a importância do envolvimento da família no processo de reabilitação. “A família desempenha um papel crucial. É essencial para o paciente sentir-se apoiado e encorajado a se comunicar. Isso não apenas melhora a interação social, mas também tem um impacto positivo em sua saúde emocional”.
Tatiana Macedo destaca que a fonoterapia não é apenas sobre recuperar habilidades perdidas, mas também sobre devolver aos pacientes a capacidade de se comunicar e se reintegrar à sociedade. “É um trabalho gratificante ver os pacientes progredindo, aprendendo novas palavras e reconstruindo suas vidas após um evento tão desafiador como um AVC”.
Enfrentar o processo de Reabilitação dentro de um Hospital de Transição pode trazer muitos ganhos ao paciente. Cecília Rabelo ressalta que essas instituições possibilitam que eles obtenham ganhos funcionais, reduzindo a complexidade do caso, além de viabilizar um retorno ao domicílio de forma mais segura.
“Na Clínica Florence, oferecemos uma experiência de cuidado que envolve o trabalho de profissionais das mais diversas especialidades compondo o Time Interdisciplinar. O nosso objetivo é auxiliar o paciente a recuperar o máximo possível as funcionalidades através de um plano terapêutico individualizado, atendendo suas legítimas necessidades e desejos”, pontuou Cecília.
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