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Realidade Virtual imersiva se torna aliada à saúde

Reabilitação
Recife

A Clínica Florence, no Recife, investe na tecnologia que auxilia no tratamento de pacientes em Reabilitação ou Cuidados Paliativos.

Paciente, internado na Unidade Recife, durante a atividade de reabilitação.

A Realidade Virtual tem conquistado cada vez mais espaço no nosso cotidiano. Óculos, celulares, videogames e outros dispositivos possibilitam uma imersão do usuário em uma espécie de ambiente ficcional. Essa tecnologia traz vantagens, inclusive, na área da saúde, se apresentando como grande aliada no tratamento de pacientes.

Na Clínica Florence, hospital de transição com unidades em Salvador e Recife, o uso destes recursos é parte do tratamento para alguns pacientes em reabilitação, sendo uma maneira atrativa e engajadora de aplicar alguns exercícios comuns nessa fase. “Atualmente, na Florence, nós trabalhamos com a Realidade Virtual Imersiva, que prioriza a interação entre paciente e ambiente, se aproximando de uma atividade no mundo ‘real’. O paciente se sente, de fato, dentro daquela realidade”, explica a coordenadora de Reabilitação da Florence Recife, a fisioterapeuta Istael Sátiro.

O produto usado é o Oculus Quest 2, um avançado sistema de Realidade Virtual multifuncional projetado para fazer mundos virtuais se adaptarem aos movimentos, permitindo que o usuário explore jogos e experiências com liberdade. Não é necessário computador ou console. Os controladores Touch apresentam ergonomia aprimorada e controles intuitivos que transportam gestos, movimentos e ações diretamente para a Realidade Virtual. Na Clínica Florence, o dispositivo é utilizado para aprendizagem psicomotora, como, por exemplo o controle de tronco e fortalecimento muscular.

Na Reabilitação, a entrega dos resultados está relacionada também ao fator psicológico. “É fundamental a integração dos dois sistemas, o motor e o cognitivo.  Com o uso dessa tecnologia, conseguimos obter uma entrega motora, a psicomotricidade, junto ao estímulo psicológico. O aprendizado motor depende de movimentos de repetição, retroalimentação e de motivação, por isso não separamos o componente psicológico da Realidade Virtual do motor, pois, sem a motivação, o paciente não consegue evoluir”, explica Istael.

A especialista conta que, na Clínica Florence, a Realidade Virtual não se apresenta como principal ferramenta, mas sim, como uma técnica complementar. “Quando olhamos para a reabilitação, olhamos para um movimento que chamamos de analítico, que avaliamos o gesto, a amplitude e repetição do movimento. A reabilitação neurológica tem evoluído muito, é importante aliar ação e função do movimento,  então,  aplicamos técnicas de reabilitação funcional, ou seja, uma reabilitação pensada em ganhos de funcionalidade do paciente, o que ele mais precisa no pós-alta, no retorno ao domicílio”, certifica.

“Por exemplo, em uma reabilitação após fratura de fêmur, é necessário fazer X movimentos por X tempo, mas esse repetido várias vezes é relacionado a ganho de força e amplitude, por vezes de forma isolada, do que para a funcionalidade. Já na Realidade Virtual,  esse ganho é conciliado a uma função específica e ver como o gestual se comporta depois de parte desta etapa do plano de cuidados. Por isso que entra com uma técnica complementar que associa também a estímulos de coordenação e equilíbrio”, acrescenta a coordenadora de Reabilitação da Florence.

Ainda de acordo com a especialista, existem alguns perfis indicados para esse tipo de tratamento. “A grande indicação envolve pacientes neurológicos, como pós-AVC e Parkinson, que são os que mais têm estudos sobre o assunto”, comenta. “O primeiro, analisamos que o paciente acometido por um AVC apresenta comprometimento e limitação funcional. Outros estudos com portadores de Parkinson são mais voltados para qualidade de marcha, que pode se tornar comprometida dado o avanço do diagnóstico. A Realidade Virtual consegue auxiliar nesse retorno às atividades básicas diárias da vida”, acrescenta.

“Para pacientes que sofreram uma amputação e estão em fase de adaptação, é possível realizar uma intervenção sensorial com o uso da prótese para buscar proporcionar uma antecipação a utilização do membro amputado com o novo dispositivo, além de  reforçar o olhar do cuidado integral, proporcionando estímulo psicológico para os pacientes com diagnóstico depressão, ansiedade e fobias”, complementa.

Ao mesmo tempo em que a reabilitação pode trazer resultados mais rápidos, o paciente tem momentos de entretenimento, diversão e, possivelmente, novos hábitos. “Quando a gente incentiva, por exemplo, o gesto esportivo, estamos preparando essa pessoa para retomar a vida e atividades diárias e desta forma, quem sabe, encontrar um novo hobby. Talvez fosse uma atividade que o paciente gostaria de aprender e por outros motivos, nunca tenha tentado. Conseguimos correlacionar a complementaridade com o uso da Realidade Virtual para o incentivo a prática esportiva”, relata a coordenadora de Reabilitação. “Temos, junto à nossa equipe interdisciplinar, a proposta de cuidado de uso dos equipamentos tanto em pacientes com perfil para Reabilitação ou para os Cuidados Paliativos de fim de vida, quando nós identificamos a possibilidade de uso da tecnologia de forma agregadora, inserimos dentro da rotina, como opção terapêutica”, complementa.

Além do uso para movimentos, a Realidade Virtual também é aplicada visando trabalhar o emocional do paciente. No Oculus pode ser projetado, por exemplo, a casa do paciente, fazendo com que a pessoa possa passear, virtualmente, pelos cômodos. Essa dinâmica é utilizada principalmente para aqueles pacientes que tiveram internamento prolongado em unidades de terapia intensiva.

Confira no vídeo, um paciente durante a atividade de reabilitação na Unidade Recife: