Artigo por Dr. Silas Lucena – Os avanços em saúde nas últimas quatro décadas impulsionaram a sobrevida da população, bem como a redução de mortalidade no ambiente hospitalar. Neste cenário, nos últimos vinte anos, a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) mostra maior desempenho na sobrevida do paciente.
Em paralelo aos avanços científicos e tecnológicos, há um aumento expressivo de estados mórbidos. É perceptível, tanto para especialistas como para a população, o desenvolvimento de novas condições de cronicidade que geram impactos diretamente na qualidade de vida do paciente e seus familiares, envolvendo várias áreas de suas vidas, dentre elas declínio financeiro, redução de capacidade física, perda da capacidade cognitiva, doenças psíquicas (depressão, ansiedade, dentre outras).
Estudos multicêntricos sugerem que a compreensão do processo de adoecimento, até sua estabilidade, a Reabilitação Pós UTI e a reinserção social são determinantes na melhora da qualidade de vida, podendo ser estratificados em:
– Estado agudo do adoecimento, sendo o momento na qual a doença leva a pessoa a emergência e internação hospitalar.
– Conhecimento desta nova condição e o planejamento terapêutico imediato.
– Definição e programação para terapia de reabilitação e/ou cuidados proporcionais individualizados, além da estruturação para retorno ao domicílio, com rede de cuidado integrada e reinserção social.
Nas duas primeiras etapas, que envolvem diagnóstico e tratamento do estado agudo, o ambiente hospitalar geral tem protagonismo consolidado, com intervenções diversas, buscando trazer a sobrevivência.
Na terceira etapa, na fase Pós Agudo, com objetivo do planejamento de cuidado, a Reabilitação Pós UTI é uma abordagem essencial. O suporte para o enfrentamento da condição clínica do paciente e alinhamento de expectativas entre o paciente e seus familiares, além da abordagem multiprofissional, são as bases do hospital de transição. Proporcionar o cuidado centrado no pessoa e seus entes queridos, apoio com equipe interdisciplinar através de programas de cuidados específicos como Pós AVC, Pós Fratura de Quadril e Reabilitação Pós UTI trazem o autoconhecimento, autonomia, independência, engajamento ao tratamento, bem-estar e qualidade de vida, além da formulação de como será seguida a vida.
Muito mais do que sobreviver, mas sim recuperar, contando com uma rede de apoio fortalecida, necessitando ou não do suporte de saúde na residência, mas com a certeza de que as melhoras práticas podem ser realizadas antes do retorno seguro ao domicílio.
Através da internação no hospital de transição de cuidados estas vivências são discutidas, pensadas e pactuadas de forma assertiva, garantindo a adesão e continuidade dos cuidados de forma adequada, com redução riscos e agravos, além de reinternações não desejadas.