A lesão medular é uma condição clínica grave que afeta a medula espinhal, um componente essencial do sistema nervoso central. Essa condição ocorre quando há danos à medula espinhal, levando a uma interrupção na transmissão de sinais entre o cérebro e o resto do corpo.
De acordo com dados do National Institute of Neurological Disorders and Stroke, a principal causa de lesão da medula espinhal é o trauma. O Instituto mapeou, com pesquisas realizadas em 2005, nos Estados Unidos, os traumas medulares como sendo a maior parte originados por acidentes.
No Brasil, acerca dos casos anuais, um artigo publicado no O Mundo da Saúde indica um aumento dos eventos de lesão medular principalmente nos centros urbanos e mantém as características identificadas nos estudos americanos. A maioria das pessoas diagnosticadas com lesão medular são jovens, entre 18 e 40 anos, prioritariamente do sexo masculino (80%) e com origem em traumas e acidentes.
Entre os principais fatores causadores da lesão medular por trauma estão colisões automobilísticas, quedas, eventos com arma de fogo ou arma branca e esportes de alto risco como esportes de contato, aventura e mergulho em águas rasas.Outros fatores causadores incluem doenças como a esclerose múltipla, mielopatias e tumores cancerígenos.
As sequelas da lesão impõem múltiplos desafios para os pacientes. A extensão da lesão medular depende da gravidade e do local, que pode ocasionar paralisia total ou parcial da pessoa acometida. Segundo as Diretrizes de Atenção à Pessoa com Lesão Medular, do Ministério da Saúde, podem ocorrer disfunções motoras, sensitivas, autonômicas e psicoafetivas ao paciente.
Entre as sequelas, alterações ou perdas que afetam o tônus muscular, mobilidade, controle esfincteriano, sensibilidades (tátil, dolorosa, de pressão e vibratória), disfunção sexual, dificuldades respiratórias, cardiovasculares, entre outras. Por isto, “o tratamento de lesão medular requer uma abordagem interdisciplinar de cuidados, visto o impacto significativo da lesão na qualidade de vida dos pacientes, levando a desafios emocionais, sociais e físicos”, comenta Dra. Letícia Gomes de Barros, (CRM -PE 22571), médica fisiatra, que integra a equipe da Clínica Florence – Unidade Recife.
A importância de um programa de Reabilitação é inestimável para os pacientes com lesão medular. Orientações da Associação Brasileira de Medicina Física e Reabilitação destacam que a reabilitação como tratamento de lesão da medula espinhal é de grande importância e promove maior sobrevivência, menor morbidade e maior qualidade de vida. As diretrizes esclarecem que a reabilitação, com cuidados interdisciplinares, pode contribuir com a melhora da funções e restabelecimento da autonomia do paciente, bem como reduzir riscos de complicações inerentes à lesão.
Sob avaliação clínica, estes pacientes, no pós alta hospitalar, assim como pessoas após politrauma ou cirurgias de grande porte ou pós sepse, podem ser impactados positivamente com a realização de um programa de Reabilitação Intensiva na Clínica Florence. A depender da gravidade da lesão, pacientes podem ser indicados para a Linha de Cuidado Reabilitação Pós UTI da Clínica Florence. Com abordagem de diversos tipos de terapias como fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, treinamento de habilidades para a vida diária, abordagem da psicologia e suporte social, a Reabilitação Pós UTI busca atender as necessidades de tratamento de pacientes após a lesão medular.
A abordagem de uma equipe interdisciplinar é essencial para maximizar os resultados da reabilitação pós lesão medular e ajudar os pacientes a se adaptarem às mudanças em suas vidas. A equipe assistencial da Clínica Florence é capacitada para estes quadros clínicos na transição de cuidados.
Entre os objetivos da equipe de Reabilitação Intensiva para o perfil de pacientes pós lesão medular, a redução da complexidade do tratamento, preparar e planejar junto a família cenários futuros de evolução, definição de plano de cuidados para o momento de retorno do paciente ao domicílio e capacitação familiar para continuidade da assistência após a alta, para ajudar o paciente e entes queridos a se adaptarem, de forma segura, até o retorno ao domicílio.
Na Clínica Florence, o paciente conta com um plano de cuidados personalizados, com metas objetivas conforme prognóstico, sendo revisitadas semanalmente na Visita Interdisciplinar, vislumbrando possíveis cenários de evolução da pessoa lesionada.
“A reabilitação pós lesão medular ou raquimedular requer um planejamento mais longo e multiprofissional. A compreensão assertiva do prognóstico pode durar de cerca de dois anos. Neste período é possível observar quais são as perdas funcionais temporárias ou definitivas, realizar terapias para reduzir as sequelas e identificar quais as necessidades de adequação de cuidados para possibilitar qualidade de vida e autonomia ao paciente”, pontua a fisiatra.
A lesão medular é uma condição médica grave que pode resultar em incapacidades sérias que afetam a autonomia e independência da pessoa. Programas de Reabilitação Intensiva e interdisciplinar, em hospitais de transição, como a Clínica Florence, podem desempenhar um papel fundamental na melhoria da vida dos pacientes pós lesão medular, oferecendo suporte físico e emocional.