Papel do fisioterapeuta na Reabilitação Pós Fratura de Quadril

O trabalho desse profissional é de suma importância, pois ele atua desde os primeiros estágios de recuperação até a restauração da independência do paciente.

A fratura de quadril é uma ocorrência debilitante que pode afetar drasticamente a qualidade de vida de uma pessoa. Ela pode levar à incapacidade funcional e até resultar na morte do indivíduo, principalmente do público mais idoso.

Entretanto, é possível ter as funções restauradas (ou parte delas) por meio de um plano de reabilitação intensiva, guiado por uma equipe multidisciplinar. E o fisioterapeuta é um excelente aliado em todo o processo, pois o seu trabalho é de suma importância, desde os primeiros estágios de recuperação até a restauração da independência e mobilidade.

Confira uma entrevista exclusiva com a Coordenadora de Reabilitação da Clínica Florence, Unidade Salvador, Flaviane Ribeiro. Flaviane é fisioterapeuta, mestre em Ciências pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e doutora em Processos Interativos dos Órgãos e Sistemas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Ela traz informações valiosas relacionadas ao papel do fisioterapeuta na reabilitação Pós Fratura de Quadril.

1- Quais as principais causas da fratura de quadril?

As fraturas do quadril podem ocorrer na cabeça, no colo ou na área entre ou abaixo dos trocanteres (proeminências) do fêmur. Essas fraturas são mais comuns em idosos, especialmente aqueles com osteoporose, e costumam resultar de quedas da própria altura.

Os fatores de risco que mais se associam às quedas são: idade avançada; alterações no equilíbrio, baixa aptidão física; fraqueza muscular; fraqueza do aperto de mão; marcha lenta com passos curtos; declínio cognitivo; uso de medicamentos.

O ambiente tem importante papel e contribui na ocorrência de quedas. Iluminação inadequada, calçado inapropriado, presença de moveis e objetos em locais de circulação, por exemplo, aumentam o risco de queda no paciente idoso.

2- Como a fisioterapia contribui para a recuperação da mobilidade e da funcionalidade após uma fratura de quadril?

O trabalho do fisioterapeuta, muitas vezes, tem início poucas horas após o procedimento cirúrgico. Quanto menos tempo o paciente passar restrito ao leito, com os seus movimentos limitados, menores são as chances de desenvolver complicações, prolongando, na maioria das vezes, seu internamento.

As técnicas e procedimentos aplicados pelo fisioterapeuta, visam recuperar a função muscular, devolvendo os movimentos, para que o paciente recupere mobilidade e retome funções da vida diária de forma segura e o mais rápido possível.

Os benefícios da fisioterapia na reabilitação das fraturas de quadril podem fazer a diferença na recuperação precoce dos pacientes, daí a importância do hospital de transição, da reabilitação intensiva, para este perfil de paciente. A recuperação da mobilidade e funcionalidade tem importante impacto na qualidade de vida.

3- Quais são os principais desafios enfrentados pelo fisioterapeuta durante o processo de reabilitação pós fratura de quadril?

Conhecer o tipo de fratura, assim como o material usado para fixação cirúrgica é de fundamental importância, pois interfere no plano de cuidados. São informações determinantes para a construção do treino de fortalecimento muscular, para definir possibilidade de descarga de peso no membro operado, tempo para início da deambulação, bem como restrições em alguns movimentos.

A perda cognitiva oriunda de doenças neurodegenerativas, prevalente no idoso, também é um desafio no processo de reabilitação, pela capacidade diminuta da compreensão. O Time de Reabilitação depende da consciência do paciente na construção do movimento voluntário, intencional, com resultado na funcionalidade.

A dor também é um grande desafio. Daí a importância da equipe multidisciplinar na construção do plano terapêutico, com foco no controle de sintomas, sendo crucial para o avanço da reabilitação de pacientes no pós-operatório de correção de fratura de fêmur.

4- Como você adapta o plano de tratamento de fisioterapia para atender às necessidades específicas de cada paciente pós-fratura de quadril?

Nós precisamos individualizar o cuidado. A abordagem mais eficiente é a construção de um plano de cuidados multidisciplinar, voltado para as necessidades do paciente. A prescrição dos exercícios, assim como a intensidade da reabilitação é programada de acordo com os objetivos do plano terapêutico. Iniciada a reabilitação, é de extrema importância reavaliação periódica dos marcadores de força muscular, mobilidade e funcionalidade com o objetivo de ajustar as intervenções realizadas.

5- Quais são os sinais indicativos de progresso durante a reabilitação pós-fratura de quadril?

Os pacientes são avaliados sistematicamente através de escalas específicas. Essas escalas graduam força muscular, nível de dependência para mobilidade e competência do paciente para realizar a marcha. A rotina de avaliação periódica permite revisão do plano de cuidados, assim como, possibilita o fisioterapeuta monitorar respostas às terapias e reconhecer os sinais indicativos de progresso do paciente durante a reabilitação.

6- Como a fisioterapia ajuda a prevenir complicações, como rigidez articular e atrofia muscular, após uma fratura de quadril?

A imobilização prolongada após uma fratura pode levar a complicações como rigidez articular e atrofia muscular, consequentemente à dependência funcional. A fisioterapia é importante no tratamento pós-fratura de quadril, pois restaura função, reduz dor e previne complicações através de técnicas e procedimentos específicos e direcionados as necessidades de cada paciente.

7- Quais são os métodos de avaliação utilizados para medir o progresso do paciente durante a reabilitação após uma fratura de quadril?

Os pacientes são avaliados, através de escalas específicas, no momento da admissão, quando é mapeado o nível de força muscular, gravidade da dependência física e competência do paciente para realizar a marcha. Posteriormente, planejamos as reavaliações, possibilitando objetivamente avaliar as respostas alcançadas.

8- Quais são os principais aspectos psicossociais que o fisioterapeuta deve considerar ao trabalhar com pacientes em reabilitação pós-fratura de quadril?

A motivação pode ser definida como o impulso interno de uma pessoa para realizar determinada ação. É o conjunto de motivos que levam o indivíduo a fazer algo. Trata-se de uma característica dinâmica e está relacionada com a intensidade, a persistência e a direção do esforço exercido para alcançar algum objetivo. Muitas são as variáveis que interferem nos resultados alcançados dentro da reabilitação, uma delas é o engajamento / motivação. O envolvimento do paciente, suporte social e apoio familiar é fundamental para que as intervenções sejam bem-sucedidas.

É muito importante identificar quando e porque o paciente encontra-se desmotivado, muitas vezes, fruto de transtornos emocionais, a exemplo da depressão. E buscar alternativas de tratamento, pois impacta diretamente na reabilitação e limita o alcance de resultados. Contar com apoio da equipe multidisciplinar no diagnóstico e acompanhamento das desordens psicoemocionais é de extrema importância e contribui para o sucesso do processo.

9- Como a colaboração interdisciplinar entre fisioterapeutas, médicos e outros profissionais de saúde influencia no resultado da reabilitação pós fratura de quadril?

Compreendo que o foco deve estar em promover o cuidado centrado da pessoa. É extremamente importante a interação multidisciplinar no cuidado ao paciente, independente do motivo do adoecimento. O compartilhamento de conhecimento multidisciplinar na construção do plano de cuidados é crucial para alcançar resultados bem-sucedidos.

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